17.10.04

SUBSCREVO

Sei que vou deixar estarrecidos muitos dos meus amigos que insistem em aliar o seu liberalismo com o nunca questionado apego a crendices e velhas superstições, mas concordo inteiramente com esta posta de VM acerca do futuro Comissário Europeu Buttiglione.

Saliento estes excertos: «O problema não é a personalidade do comissário que Barroso escolheu para a pasta da justiça nem os valores morais/religiosos que ele defende. O problema é a inadequação entre eles e a pasta para que foi designado (...) Mas os fundamentalistas religiosos tendem geralmente a impor os seus valores religiosos a todos por via de lei (como é fácil ver no caso da punição penal do aborto), pelo que as declarações em contrário de Buttiglione são tudo menos tranquilizadoras».

Como, aliás, se comprova com estas inquietantes palavras que o próximo Comissário terá proferido na passada sexta-feira - ainda que retiradas do contexto. Não há contextos desculpabilizantes nesta sede.

Todos sabemos, inclusivamente as mães solteiras, que o ideal seria que as crianças fossem sempre educadas por um pai e uma mãe. A verdadeira questão é que isso nem sempre é possível e, por vezes, as circunstâncias concretas fazem com que tal não seja mesmo preferível.

Buttiglione sabe-o e as suas palavras demonstram um esforço em moralizar, impor lógicas comportamentais, hierarquizar escolhas de vida. Repugnante.

As crianças educadas por mães solteiras - conheço várias - em nada ficam a dever às que foram criadas por pai e mãe.
Muitas vezes o exemplo quase heróico de suas mães faz com que se crie o melhor modelo educacional possível.