Vital Moreira (VM) comenta, no Causa Nossa, o excelente post do Rui A., aqui publicado e intitulado "Política e Liberalismo" (uma espécie de "decálogo" do liberalismo em acção, na vida política).
Não tenho mandato do Rui para defender e/ou salientar os seus pontos de vista. Nem tão pouco ele precisaria.... bem pelo contrário. Por outro lado, não entendo o post de VM(Liberalismo e "Estado Social")como sendo propriamente um ataque ou crítica negativa, tão somente como uma explanação das suas ideias e mesmo crenças político-ideológicas (hesito em dizer, mesmo, dogmas) - se bem que a pretexto do que o Rui escreveu.
Sem ter, portanto, essa pretensão, sempre direi que o texto de VM só me fez reforçar as minhas convicções pró-liberais! Reconfortou-me e ajudou-me a superar as minhas permanentes dúvidas (muito mais do que metódicas) e inseguranças intelectuais.
Na realidade, pelo que escreve VM, o liberalismo será mesmo uma espécie de "fim da história", uma referência política ideal, consensual, já que os dois pontos que salienta e analisa do "decálogo" do Rui, apenas "separam irreparavelmente o programa da direita liberal da esquerda democrática, aliás tanto ou mais liberal do que aquela no que respeita à esfera política e à esfera pessoal (e mesmo tendencialmente na esfera económica)"!
Concluímos, assim, que existe, portanto, para VM, um largo consenso em torno das virtualidades do liberalismo, abrangendo a "esquerda democrática" e a "direita liberal" - direita essa, por definição, também tanto ou mais democrática do que a dita esquerda (se bem que VM prefira utilizar o adjectivo "democrática" apenas para a esquerda)!
O problema não será, portanto, o enfoque, a sensibilidade e o pensamento político (mais ou menos) liberais, já que quase todos somos isso mesmo: liberais!
A questão será (sempre) a do retorno à velha clivagem entre as esquerdas e as direitas (democráticas)...E mesmo essa divergência manifestar-se-á, portanto, apenas no que diz respeito aos meios ou instrumentos mais idóneos para se alcançar uma ordem liberal - que todos perseguimos. Na realidade, para VM, maior liberalismo atinge-se com mais Estado Social, na medida em que "o Estado social não é incompatível com o liberalismo, mas sim uma condição de um liberalismo compartilhado pelo maior número".
Presumo que, com propriedade, VM poderia também concluir, na lógica do seu comentário, que quanto mais e melhor se reforçar o modelo vigente de Estado Social (sublinho o melhor), mais depressa alcançaremos e aprofundaremos um Estado Liberal!
Ora, e mesmo ultrapassando, por agora, aquilo que me parece ser um preconceito de VM (de resto, muito frequente e que se traduz no seguinte raciocínio precipitado: só a esquerda - porque defende o Estado Social - é que se preocupa com a exclusão; é que é "moralmente boa"), o problema acaba por ser, desde logo, a realidade histórica. Esta não tem, de facto, confirmado essas virtualidades do "instrumento Estado Social"...muito pelo contrário!
Então, no caso português, julgo mesmo que Estado Social tem significado/justificado mais Estado e mais Estado tem sido sempre sinónimo de (cada vez mais) pior Estado! Quanto à exclusão e marginalização sociais e demais problemas referidos, os resultados estão à vista....