30.11.04

MAIS UMA ASNEIRA DO PRESIDENTE QUE NÃO DEVIAMOS TER

Da mesma maneira que estive contra a decisão de nomear Santana Lopes para primeiro-ministro, sobretudo pelo tom de golpada de palácio que extravasou do modo como Durão Barroso se escapuliu para Bruxelas, considero que o PR cometeu um erro grave em dissolver agora o Parlamento.
Sampaio fez mal porque:

1. A decisão de hoje comprova o erro crasso que Sampaio cometeu há 4 meses e meio;

2. Passou pouco tempo - e ainda que este Governo tenha conseguido ultrapassar os piores vaticínios existentes à data da sua formação, há uma diferença entre a realidade política virtual e aquilo que as pessoas que pouco ligam a jornais, telejornais e blogues, julgam e pensam;

3. Passou pouco tempo - e eu próprio não acredito que estivesse em causa o «regular funcionamento das instituições democráticas».

4. Passou pouco tempo - Santana Lopes pode fugir para a vitimização, embrenhar-se gulosamente nessa lógica em que é exímio;

5. Passou pouco tempo - Sampaio conseguiu, apesar de tudo, dar mais um balão de oxigénio ao populismo santanista, i. é ajudar a formar a imagem de um péssimo Governo falaciosamente metamorfoseada num executivo injustiçado;

6. Passou pouco tempo - a eventual alternativa não existe à esquerda porque ainda não se conseguiu sedimentar devidamente;

7. Passou pouco tempo - a urgência, estilo "sangria desatada", vai impedir que se forme uma alternativa credível dentro do próprio PSD o que fará com que Santana e o seu bando liderem o combate eleitoral (tarefa em que Santana é melhor do que ninguém);

8. Passou pouco tempo - ganhe quem ganhar dificilmente conseguirá uma maioria estável e a turbulência continuará;

9. Passou pouco tempo - Sampaio, uma autêntica barata tonta que não sabe o que quer e não quer o que sabe, deu todo o ar de não ter conseguido resistir aos ecos e efeitos secundários das pressões do passado Julho: quis, mal e fora do prazo, agradar aos que tinha enfurecido;

10. Passou pouco tempo - o insucesso deste Governo é o malogro final do mandato de um presidente menor, ainda mais pequeno que o seu próprio tempo, e que a história ignorará inapelavelmente.