Buttiglione terá rezado assim:
«Nós podemos construir uma comunidade de cidadãos mesmo que em algumas questões de moralidade tenhamos opiniões diferentes. A questão é, isso sim, da não discriminação. O Estado não tem o direito de meter o nariz nessas questões de moralidade e ninguém pode ser discriminado com base na sua orientação sexual ou qualquer orientação de género. É isto o que está na Carta dos Direitos Fundamentais, na Constituição, e eu tenho defendido esta Constituição.»
Por obséquio, gostaria que me apontassem o caso em que um católico "profissional", no exercício de um cargo de poder fez essa higiénica, mas buttiglionamente idílica, separação Kanteana entre a religião e o Estado.
Não conheço nenhum nos tempos contemporâneos.
O que vejo e ouço são "católicos" cada vez mais fundamentalistas, muitos já tocados pela asa negra de seitas em que a auto-flagelação é um passatempo aconselhável e comum, a procurarem o exercício do cargos de poder - quantos mais e mais altos, melhor - para derramarem as suas crenças e a lógica da sua mundovisão. Nomeadamente, em cima de quem nada quer com esses ascetismos intelectuais.