O meu ilustre amigo PMF, no seu post imediatamente anterior a este, defende que o XVII Congresso do PSD, que hoje se inicia, não trará nada de bom para a direita. Sustenta o seu ponto de vista no facto de os dois candidatos a líder terem sugerido o desvio táctico do partido para o centro-esquerda e para o reforço das políticas sociais. Logo, concluiu, o futuro da direita não passará por aqui.
Ora, eu estaria disposto a concordar com ele, não fosse o caso de que a «direita» que temos em Portugal ser, por razões diversas, de esquerda: eleitoralmente, revê-se na democracia-cristã e na social-democracia; ideologicamente é anti-liberal; quando chega ao governo, em vez de diminuir o Estado, aumenta-o; quando está na oposição exige mais e maior intervenção pública para acudir às necessidades do país e dos mais desfavorecidos; e se nos ficarmos pela sua célebre composição «sociológica», veremos que ela é maioritariamente constituída por quem vive do Estado, seja por trabalhar directamente na função pública, seja por pertencer à famosa «alta empresarialidade» indígena, sempre a aguardar o próximo subsídio de Bruxelas, ou por um qualquer «incentivo indirecto» do governo, vindo, quem sabe, sob a forma da adjudicação de uma empreitada, um contrato de prestação de serviços, de aquisição de bens, ou «publicidade institucional».
Está, por conseguinte, magnificamente representada, a direita portuguesa, neste PSD.