12.4.05

ESQUERDA E DIREITA

É um tema recorrente a diferenciação entre a direita e a esquerda nos dias que correm.
Porém, quando nas sociedades democráticas ocidentais, cada vez mais se consegue perceber menos as diferenças entre os partidos ditos de um lado e do outro, quando todos enchem a boca, por razões táctitas e eleitorais, com discursos de «justiça social», entendendo-se por ela uma suposta promoção social a cargo do Estado, e quando, uma vez no governo, indistintamente todos defendem as prerrogativas soberanas do Estado e da sua máquina de poder, em contraponto aos cada vez mais ténues direitos individuais, é muito difícil estabelecer qualquer linha de fronteira.
Do ponto de vista liberal, ela só poderá fazer sentido se separar aqueles que, por acreditarem na capacidade do género humano e nos indivíduos, preferem a liberdade e um domínio público muito reduzido, e aqueles que, por duvidarem dos homens e das suas capacidades, lhe retiram espaço e manobra e o substituem, no seu dia-a-dia, pelo Estado. Que distinga, no fim de contas, os que entendem que a soberania deve pertencer, no limite do possível, a cada um e a todos nós, dos que acham que ela deverá ser confiada ao reduzido número de indivíduos que dominam o aparelho de Estado.
Um partido que entenda isto, que queira, de facto, refundar a direita, em vez de se «ajustar» ao discurso miserabilista do momento para tentar ir buscar votos ao «centro», poderá ter futuro. Caso se mantenha, como em tempos proclamava o Prof. Freitas, «rigorosamente ao centro», continuará a falar para o passado.