6.4.05

INCOERÊNCIAS

Se um ministro vai a S. Tomé num Falcon da Força Aérea Portuguesa todos se indignam porque "os custos são desmesurados e desnecessários", porque, garantem, "não existe interesse público", e, sobretudo, porque o ministro poderia ter simplesmente ido "num vôo regular" poupando preciosos fundos ao erário público.

Mas quando o Presidente da República cede ao Cardeal Patriarca um Falcon para este chegar mais depressa a Roma (algumas horas? Quanto muito, 1 dia?) à ceia dos Cardeais quase ninguém se indigna, os mesmos pressurosos vigilantes da derrapagem das contas públicas não protestam contra esse gasto público aparentemente dispensável, os custos não são questionados, ninguém se interroga acerca da urgente necessidade em levar o Cardeal de Falcon em vez deste comprar um bilhete de avião e ir a Roma como toda a gente.
Acompanhando o histerismo que tão bem agora se usa aparentar, também praticamente ninguém denuncia a objectiva promiscuidade entre o Estado português e a igreja.
Uma vez mais, uma questão de pesos e de medidas.