10.4.05

Leituras: The image



Publicado originalmente em 1962, "The image. A guide to pseudo-events in America", de Daniel J. Boorstin, publicado em 1992 pela Vintage Books, New York, é uma obra poderosa do autor de "The creators" e de "The Discoverers: A History of Man's Search to Know His World and Himself".

Em "The image", Boorstin inicia a sua exposição por aquilo que designa como extravagant expectations, as quais, para o autor, são a razão pela qual as pessoas estão predispostas para aceitarem as ilusões que lhes são oferecidas continuamente.

Boorstin acredita que tais expectations, desde logo, dizem respeito a "the amount of novelty in the world" (pág.7). Na falta de events, os media ter-se-iam lançado, então, na criação de pseudo-events, de novidades sintéticas. As notícias teriam deixado de ser espontâneas para serem, em larga medida, criadas pelos media.

O comunicado de imprensa, a fuga de informação, a entrevista, a sequência de pseudo-events, fariam com que "the image has more dignity than its original" (pág. 37).

A celebrity é vista como o human pseudo-event, e é definida (pág. 57) como alguém "known for his well-knowness".

Como comentário, poderemos dizer que em The Image, D.J.Boorstin mostra uma situação, na década de 1960, que se apresenta como estranhamente familiar para o leitor do início do terceiro milénio. Os vários tipos de pseudo-event analisados pelo autor continuam a aparecer de uma forma totalmente exuberante, podendo The Image, até certo ponto, servir para permitir colher alguns elementos de cariz histórico.

Uma constatação interessante, para alguém que não tenha testemunhado alguns pseudo-events descritos por Boorstin, é o fenómeno que The Image também descreve: a vida fugaz dos pseudo-events.

Em trabalho anterior, tive já oportunidade de apresentar a sugestão segundo a qual: "O nosso tempo é o da fusão crescente entre eventos e pseudo-eventos. Tal fenómeno terá tendência, com toda a probabilidade, a crescer, acompanhando o crescimento da comunicação entre as pessoas." Tal fusão manifesta-se, designadamente, em muitos actos terroristas.

José Pedro L. Nunes