A imagem de Pinto da Costa amordaçado ao lado de João Loureiro marcou-me tanto, em simbolismo, como a própria imagem da impotência revelada em campo por esta milionária equipa, que actualmente discute o 5.º lugar do campeonato e custa mais 25 por cento que a equipa do ano passado, que foi campeã da Europa.
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Como consolação poderia pensar- se que, ao menos, a lição foi aprendida. Mas não: já se anuncia para o ano que vem uma série de contratações, feitas de cima para baixo, em entendimento entre dirigentes e empresários, sem aval do treinador, e que hão-de conseguir reduzir a zero os ganhos que José Mourinho depositou no cofre do clube: ele é Lucho Gonzalez, ele é Lizandro López, ele é o grego Katsouranis, ele é aquele guarda-redes do Setúbal de que a única referência que se conhece é o frango dado contra o Benfica (quando há tantos bons guarda-redes com provas dadas na SuperLiga...), ele é até a inverosímil hipótese do Sokota, típica jogada à Pinto da Costa e desperdício escandaloso para quem tem, para o mesmo lugar, McCarthy, Postiga, Fabiano, Hugo Almeida e Bruno Morais.
E, no meio de tantas compras já anunciadas, mais as que virão durante aquele ruinoso mês de Julho, mais a clássica e ridícula aquisição- surpresa da noite da apresentação, vão sobrar 30 ou 40 jogadores sem lugar no plantel e a quem o clube terá de pagar ordenado para jogarem noutros lados, na equipa B ou em lado nenhum.
Por algum estranho bloqueio mental, os homens da SAD do FC Porto são os únicos portistas que ainda não perceberam que o interesse estratégico imediato do clube e da sociedade não é comprar, é vender; não é aumentar o número de jogadores mas livrar-se daquela multidão de excedentários, que o asfixiam financeiramente e contribuem para que se instale umespírito de mercenariado que está brilhantemente documentado na prestação desta época.