29.10.05

144

Segundo informa o meu prezado amigo e colega de blogue Carlos Loureiro, parece que 144 (cento e quarenta e quatro) ilustres personalidades que compõem o Conselho Nacional do importantíssimo Partido do Centro Democrático e Social ou, se preferirem, do Partido Popular, se entretiveram durante o dia de hoje a discutir animadamente a candidatura presidencial do Professor Aníbal Cavaco SIlva.
Feitas as contas sobre, presume-se, uma votação de apoio do partido ao dito candidato, 87 (oitenta e sete) desses cavalheiros optaram por manifestar o seu apoio, enquanto que 57 (cinquenta e sete) tê-lo-ão declinado.
Sucede que as candidaturas presidenciais não são candidaturas partidárias. Que os candidatos têm a liberdade de se propor ao eleitorado sem terem de o fazer pela via formal de um partido. Que a adesão dos eleitores se faz, como, de resto, as sondagens em torno dos candidatos da área socialista o estão a demonstrar, à pessoa dos candidatos e não aos recadinhos ou às encomendas que os directórios partidários lhes tentam impingir.
Perante este cenário, em face de uma década cavaquista que se avizinha, sem alternativas sérias, sem uma estrutura partidária sociologicamente convincente, sem ideias, sem protagonistas credíveis, em suma, sem nada para propor ao eleitorado, o que nos ofereceu o CDS?
Um triste e deprimente espectáculo, interpretado, produzido e realizado por 144 (cento e quarenta e quatro) cavalheiros que se representam a si mesmos, em acesa discussão numa qualquer saleta alugada de um hotel de terceira ou numa sede partidária em ruínas e invariavelmente às moscas. Enquanto uns, sensatamente, pretendiam simular um apoio inequívoco de um partido que, cada vez mais, faz esforços por deixar de existir, outros achavam que o Professor Cavaco deveria sentar-se com eles à mesa - com os 144 (cento e quarenta e quatro) ilustres Conselheiros Nacionais -, para negociar, sabem Deus e os Anjos exactamente o quê.
Perante este deprimente cenário, o futuro do CDS está definitivamente traçado: aguardar serenamente e beneficiando dos próximos quatro anos sem actos eleitorais, que o Dr. Paulo Portas regresse a casa e, com o brilho mediático que Deus lhe deu e que ele cuidará de manter, reponha o partido dos invariáveis 7% e consiga emprego a quinze futuros deputados à Assembleia da República na legislatura que terá início em 2009.