25.10.05

Impostos como preços II

O post anterior desta série mereceu resposta do AAA do Insurgente (nosso venerável consultor) e do Tiago Mendes, o que me levou a aplicar a ideia a um tipo específico de preços.


De acordo com este magnífico post do Rui A. (não percebi o interesse em segurar aquilo que parece estar firme), o estado pretende alargar a sua área de negócios à protecção das trabalhadoras do sexo. Como se sabe, este é um mercado muito competitivo. As senhoras que se dedicam a esta actividade estão habitualmente sujeitas a situações de risco, normalmente envolvendo homens em elevado estado de excitação e com vontade de dar largas às suas taras. Pois existem uns senhores muito simpáticos sempre dispostos a ajudar damas em perigo a troco de uma pequena comissão e quem sabe alguns serviços especiais. Estes senhores muito simpáticos trabalham num mercado muito competitivo. Perdem com demasiada frequência clientes para competidores que oferecem uma melhor relação qualidade/preço. Devemos por isso esperar que os preços sejam relativamente baixos.

Os prestadores de serviços de segurança às trabalhadoras do sexo, pejorativamente designados por chulos, são muito mal vistos pelo estado, que detesta concorrência. Vai daí, o estado terá decidido entrar em força neste negócio. Mas para isso terá que adoptar uma de duas estratégias: ou competir pelo preço, cobrando uma comissão mais baixa, ou competir pela qualidade, oferecendo serviços de qualidade superior à dos serviços fornecidos actualmente. É pouco provável que o estado possa competir pelo preço, dado que pretende cobrar às trabalhadoras mais produtivas uma comissão de 42%+descontos para a segurança social. O estado terá por isso que apostar na qualidade oferecendo, por exemplo, regalias sociais às trabalhadoras do sexo, o que pode ser feito através dos serviços da segurança social. As trabalhadoras do sexo, dado que têm uma profissão de desgaste rápido, estão particularmente interessadas nos Planos Poupança-Reforma que o estado tenha para oferecer. No entanto, o estado-chulo tem um problema de credibilidade. Como se sabe, as trabalhadoras do sexo têm uma longa experiência de clientes e chulos que faltam às suas promessas. Ora, como é sabido, o esquema de Poupança-Reforma do estado é um Ponzi Scheme que faria corar a Dona Branca, não tendo qualquer sustentabilidade. Na verdade, há chulos mais honestos e elas sabem-no.


Em conclusão, o estado, para entrar neste mercado competitivo terá que baixar a sua comissão habitual e oferecer garantias de que não faltará aos seus compromissos. Se não o fizer, não conseguirá ganhar quota de mercado.