2. Os conceitos de ««liberdade negativa»» e de coacção são perfeitamente compreensíveis para um juíz que tenha estudado o assunto e que tivesse de julgar um caso concreto. Não têm nada de ambíguo. A liberdade negativa não é a liberdade de não fazer algo, é a liberdade de não ser impedido de fazer algo. Pode ser claramente definida e aplicada sem que se tenha que pensar nos tais conceitos triadicos de que fala o João Galamba. Não são sequer necessários juízos de valor para avaliar violações de liberdade negativa porque essas violações,a existirem, são objectivas.
3. Um debate não é uma conversa. É um torneio, em que cada parte defende uma determinada ideia. É o melhor processo que já se inventou para a descobrir a verdade. Os debates adversariais têm duas vantagens essenciais:
- garantem que cada ideias tenha a melhor defesa possível
- garantem que o julgamento seja feito por uma parte imparcial, isto é, por quem não participa no debate.
Acresce a isto que os debates não são pessoais. São um confronto entre ideias e não entre pessoas. A personalização dos debates tende a dar péssimos resultados. Por isso, misturar debates com amizade, ainda por cima entre pessoas que não se conhecem entre si, é capaz de não ser boa ideia.
4. A ideia de que o liberalismo não é uma teoria normativa é perfeitamente aceitável, embora discutível. O João Galamba pergunta:
Se o liberalismo nao se preocupa com o dever ser, porque e que devemos ser liberais?
A resposta parece-me óbvia: porque mais importante que saber como é que o mundo deve ser é saber como ele funciona.