26.11.05

Diz-me com quem andas...

Depois do Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses ter, há uns tempos atrás, chamado, com todas as letras, mentiroso ao Primeiro-Ministro, foi agora a vez de o próprio Presidente do STJ, seguir a mesma linha jurisprudencial.: com efeito, o Conselheiro Nunes da Cruz acusou o Executivo de José Sócrates de ser imprudente, incorrecto e indelicado, e de ter mentido aos portugueses.

Instado a comentar o pedido de "respeito" que Sócrates, em resposta, formulou, o Presidente do STJ apenas disse que, no fundo, «estava em boa companhia», referindo-se a Jorge Sampaio e às suas esféricas declarações acerca de compreensão, mágoas e de reflexões (sugeridas aos juízes, pelo PR).

Para além da falta de respeito que, desde logo e seguindo os caminhos que têm vindo, ultimamente, a trilhar, os juízes portugueses não se dão (o recurso à greve - uma originalidade e uma estreia mundial - assim como a dificuldade que tiveram em fazer passar, de forma clara e directa e para o público em geral, os motivos de tal assomo sindicalista-revolucionário), o facto é que temos um quadro de relacionamento dos órgãos de soberania sui generis, actualmente, em Portugal:
por um lado, o Governo é apelidado de mentiroso pelos juízes; aquele, apela ao dito respeito, acusando, implicitamente, os magistrados de falta dele; o Presidente da República, entretanto, solidariza-se e compreende...