Que se apoie Cavaco porque não se gosta de Manuel Alegre, que se apoie outro qualquer, porque não se gosta de Cavaco, que se apoie Soares porque não se quer o Alegre, entendo.
Acho é muito pouco, politicamente falando.
Que se discuta quem percebe menos de economia, quem é mais culto, quem é mais responsável pelo estado das coisas, quem é o maior perigo para de democracia ou quem interferirá mais com o governo, é pobrezinho, mas é o que há.
Mas, e o que interessa isso, verdadeiramente?
Eu sei que é uma, a única, eleição uninominal permitida. Poderia-se até discutir a cor dos cabelos, o «carácter» ou se passam tempo com os netos. Falta pouco para isso.
Mas eu preferia que anunciassem o que pensam sobre algumas coisas. Daquelas que não são propriamente dependentes da acção executiva do governo. E onde, como PR's, poderiam ter um papel.
Sei lá, se apoiam ou não, e porquê, a constituição europeia do D'Estaign. Se acham que a UE deve realizar reformas, nomeadamente ao nível da PAC. Se a UE deve ser um projecto político ou outra coisa. Se estivessem nas circunstâncias do seu antecessor, se aceitavam para PM alguém como Santana Lopes, o que fariam e porquê. Se aceitavam que as suas forças armadas atacassem um país soberano à revelia da ONU e da CRP. Se aceitam que o governo mantenha o sistema e segurança social tal como está. Ou o que pensam sobre a regionalização. Ou se pretendem continuar a manter o regime de impunidade, face ao «normal funcionamento das das instituições» do governante da Madeira. Da opção faraónica dos TGV's e OTA's. Da posse estatal de inúmeras empresas públicas. Do condicionamento do acesso ao ensino superior. Sei lá, coisas práticas. E ideológicas. Coisas com que os seus antecessores se tenham confrontado. Ou para a quais exista expectativa de mudanças no futuro.
Maus exemplos:
Em três páginas de entrevista, na segunda-feira, no Público, Cavaco diz nada.
Para além de informar, sem justificar, que se opõe (infelizmente), ao sistema de eleição uninominal para o parlamento, nada mais disse. Porque não era candidato a primeiro-ministro.....
Bem, ou não quiz dizer, ou não lhe perguntaram nada de interessante.