24.11.05

OS NOVOS VATICÍNIOS DOS DEUSES (ou, não acredito em sondagens) (II)

Não concordo inteiramente com este texto do CAA, que parte, a meu ver, de pressupopostos errados sobre o que são ou devem ser sondagens: análises estáticas da opinião sobre certo assunto, num dado momento: o da recolha de dados e não previsões. Se realizads com algum cuidado, as sondagens podem apresentar um retrato bastante fiel do todo a partir da a amostra, com margens de erro negligenciáveis. A prová-lo está o facto de sondagens diferentes, com amostras diferentes, mas realizads em espaços temporais próximos, apresentarem resultados (objectivos) muito idênticos.
Coisa bem diferente - e aqui o CAA tem toda a razão, quando se refere aos sacerdotes - são as leituras que dos dados são feitas, em particular pelos meios de comunicação em que são divulgadas. As diferenças entre as sondagens publicadas no DN e no Público não resultam da diferente cor das vísceras analisadas, cor essa que é basicamente a mesma, mas da difrente leitura que os articulistas delas fizeram. Dizer, numa sondagem que atribui a Cavaco, antes da distribuição de um elevado número de indecisos, mais de 44% dos votos e a dois meses das eleições que Cavaco está mais longe da vitória à primeira volta, como fizeram o DN e a TSF (dando a entender que, se as eleições se realizassem hoje, Cavaco teria apenas os tais 44%) não é simples ignorância, mas má fé. E, daí, talvez seja apenas ignorância.
Vale a pena, nunca é demais recordá-lo, ler quem sabe sobre o assunto:
Será isto tão difícil de entender? Será assim tão difícil às direcções editorais imporem requisitos mínimos de numeracia a quem trata estas notícias? Será assim tão difícil evitar lançar a opinião pública na confusão total quanto aos resultados das sondagens? Há dias em que, confesso, me apetece mudar de ramo...