15.12.05

A Doher


A OMC visa regular o comércio internacional e resolver disputas entre os seus 149 Estados membros.
O principal ponto de discussão em Hong-Kong nos próximos dias serão as medidas a tomar visando a futura liberalização dos mercados agrícolas: redução das tarifas aduaneiras, extinção dos subsídios internos e à exportação. Tais objectivos são consensualmente considerados vitais para o desenvolvimento do comércio e da produção agrícola, com especial destaque para 55% da população, a qual se dedica em exclusivo à agricultura e que se situam nos países menos desenvolvidos.
O benefícios seriam quase imediatos, em termos de desenvolvimento. Os únicos que se poderão sentir «prejudicados» seriam uma pequena elite de entre os 2% da população da UE/EUA que se dedicam à agricultura.

Quando alguns gostam de falar dos «valores europeus» «o projecto político da UE» e demais tretas, seria bom responderem sobre o que pensam sobre as actuais regras que tão acirradamente a França e a UE em geral pretendem manter, em prejuízo de tantos milhões de pessoas e proveito de tão poucos.

Não deixa de ser estranho e preocupante (pelo que significa de defesa de minorias privilegiadas) ver George Bush, Chirac, Durão, Louçã (e todos os demais candidatos presidenciais), o Fórum Social, todos do mesmo lado, contra os que defendem a abertura dos mercados e fim dos subsídios, como sejam o Brasil, Argentina, Chile, Tanzânia, India, Tailândia e demais países em desenvolvimento. Mesmo com algumas diferenças, as principais ong's defendem igualmente o fim dos subsídios.
Como se não bastasse, em vez de se centrarem no essencial, a UE e os EUA entretém-se em «guerrinhas» acusatórias sobre qual a forma mais nefasta de ajuda ao desenvolvimento: se através da ajuda em bens e alimentos (EUA) ou mediante financiamento directo(UE). O que a ambos interessa mesmo é que não se toque nos interesses dos seus «agricultores».