12.12.05

Montreal

Escreve o Rui Curado Silva:

"The Kyoto Protocol is now fully operational. This is an historic step." Estas foram anteontem as palavras de Stéphane Dion, o Presidente em representação de 157 países da United Nations Climate Change Conference que está a decorrer em Montreal. Concretamente o Presidente congratulava-se com a adopção do chamado "rule book" do Protocolo de Quioto.

Lembram-se desta entrada do Blasfémias? (entre outras, cada uma melhor que a outra):
"... até os proponentes do Protocolo de Quioto reconhecem que ele tem um efeito mínimo no clima e de qualquer das formas, muitos dos países que o assinaram, não o estão a cumprir. Este comentário do ministro alemão, para além de demonstrar o habitual anti-americanismo de muitos europeus, demonstra também a falta de seriedade dos proponentes do protocolo de Quioto" (João Miranda).
Logo os 157 países que participam na Conferência de Montreal não são sérios. Sérios são os governos dos EUA, da Índia e da China que fazem tábua rasa dos avisos dos seus cientistas e que ainda não ratificaram o Protocolo de Quioto.


O Rui Curado Silva parece estar totalmente desinformado em relação a Quioto. O grupo dos 157 é o grupo de países que assinaram Quioto. Se assinaram Quioto, é natural que assinem o respectivo "rule book". Tal não é prova adicional de seriedade. A seriedade vê-se noutras coisas. A maior parte dos 157 são países do 3º Mundo sem qualquer obrigação para reduzir emissões. Ao contrário do que o Rui Curado Silva diz, a China e a Índia ratificaram o Protocolo de Quioto e fazem parte dos 157, mas não estão obrigados a nada. Dos países desenvolvidos, metade são economias em fase de desindustrialização (países de leste, Alemanha, Reino Unido) que não vão fazer esforço nenhum para cortar nas emissões. Outros são países como Portugal que tiveram direito a aumentar as suas emissões. No caso de Portugal, o aumento permitido é de quase 50% e mesmo assim o país se calhar vai ser obrigado a comprar direitos de emissões. A seriedade vê-se também no facto, que o Rui Curado ainda não conseguiu desmentir, de que tudo isto é inútil. Quioto não tem impacto significativo no clima e há uma data de gente a fingir que tem. Quioto não tem viabilidade política após 2012 e há muito gente com ilusões de que tem.