14.12.05

O anti-reduccionismo e os ganchos celestes

O filosofo Daniel C. Dennett utiliza a expressão «ganchos celestes» para designar as explicações mágicas a que os anti-reduccionistas são obrigados a recorrer sempre que necessitam de explicar algo que resulta de elementos mais simples. Neste texto do Tiago Mendes aparecem aparecem 3 fenómenos que para os anti-reduccionistas só são explicáveis por ganchos celestes: a consciência, a linguagem e o contexto social. Para o anti-redducionista aquela coisa cinzenta que as pessoas têm na cabeça tem um papel exclusivamente decorativo. Não se lhe atribui qualquer função. A consciência aparece por obra e graça dos ganchos celestes. A linguagem não tem nada a ver nem com os processos mentais, nem com o disparar dos neurónios, nem com as escolhas culturais que indivíduos bem identificáveis fazem. E o contexto social é sempre um dados adquirido. Não tem nada a ver com as acções e as opções tomadas pelos indivíduos que constituem a sociedade. Ao contrário do que diz o Tiago, o reduccionista não tem nenhum horror ao contexto. O que o reduccionista não supõe é que o contexto é um fenómeno sem causa que os seres humanos habitam. O contexto é um produto da acção humana, a qual por sua vez é o resultado da interacção das partes que constrituem os seres humanos entre si e com as partes que constituem o resto do universo. Por isso, o reduccionista não só não tem medo do contexto como tem os meios para o compreender e explicar enquanto fenómeno natural que é.