4.10.06

A cidadania claustrofóbica

Não pretendo, para já, comentar o designado programa para «revitalizar» a Baixa de Lisboa. Contudo e como a propósito desse plano se voltou a falar da construção de parques de estacionamento gostaria de perguntar se as pessoas como o advogado Sá Fernandes que se manifestam contra a construção de parques subterrâneos gostam de ver as ruas atulhadas de automóveis em cima dos passeios? De ouvir o coro das buzinas dos automóveis que não podem passar porque o eléctrico está parado à espera que apareça o condutor do automóvel que está em cima da linha?

E se os parques não podem ser subterrâneos quer dizer que podem ser em silos? Prédios reconvertidos em parques?

É possível e desejável que quem trabalha na Baixa utilize os transportes públicos. Por experiência própria posso afirmar até que é muito mais rápido usar transportes públicos para trabalhar na Baixa de Lisboa. Mas não consigo perceber como se pode condenar a construção de parques de estacionamento naquela zona. Sem estacionamento não há habitantes. Seria interessante perceber o que levou alguns dos habitantes dos novos edifícios do Chiado a rapidamente desistirem de tal opção. Pura e simplesmente não tinham estacionamento. Nem em parque nem em garagem.

Entre outras razões, nomeadamente a a legislação sobre arrendamento, a ideia peregrina de que os habitantes da Baixa devem dispensar o automóvel levou a que a Baixa não tenha habitantes. Experimentem viver lá ou ir lá de visita a casa de alguém.