...ou prenúncio de "tempos interessantes"?
1 - Até por isto e isto que, aqui no Blasfémias, quer o CAA, quer o LR, já referiram, gostava e gostei que Bush tivesse ganho. Mais, que a sua vitória eleitoral legitimasse, inequivocamente e à luz dos quadros do funcionamento da legalidade democrática, o seu próximo mandato e, de certa forma, o seu estatuto presidencial.
2 - Sempre notei um maniqueísmo muito pouco inteligente (para não dizer estúpido!) e um preconceito snob, muito à la gauche, em grande parte das perspectivas e opiniões engajadas de uma certa intelectualidade (por sinal, dominante em termos de opinião publicada) sobre G. W. Bush. Pior, sob pretexto de se detestar a personagem, aproveitava-se para se "desancar" (não assumidamente) no modelo de regime, de democracia, de sociedade, de país, de Estado, norte-americanos...satisfazendo-se, sobretudo, talvez mesmo inconscientemente em alguns casos, o ego anti-capitalista, a sensibilidade "romântico-revolucionária", a saudade da adolescência rebelde e já há muito perdida.... enfim, mesmo uma certa estética geracional derivada de uma utopia colectivista, de um fascínio em ser-se contestatário, pela contestação em si mesma.
3- Sempre achei estranho - para não dizer de um estúpido mau gosto - que se decretasse que Bush era, precisamente, estúpido, impreparado intelectualmente, ao passo que outros " grandes estadistas" como Chávez e Lula fossem, sem mais, autodidactas, políticos com intuição, revolucionários correndo atrás da bem amada justiça social...
4 - Nunca concordei com as alternativas - e, sem dúvida que poderão existir! - propostas pelos adversários dos Estado-Unidos, para combater o terrorismo.
Sempre as achei, de um modo geral (sobretudo aquelas que sobrevalorizavam, formal e "farisaicamente", o papel da ONU ou então, o diálogo e a compreensão das causas do fenómeno...), inconsequentes e incapazes de reflectirem a nova ordem mundial, os cuidados a ter com um novo perigo e com uma diferente ameaça, fundamentalmente não material e/ou económica, de cariz religioso e cultural, à liberdade humana.
5 - Sempre achei, contudo, que, no que respeitasse à política externa norte-americana e à relação traumática dos Estados-Unidos com o novo terrorismo global, pragmatica e previsivelmente, as diferenças entre Kerry e Bush não seriam muito grandes.
6 - Também tenho dúvidas (muitas dúvidas, mesmo) sobre a competência da equipa de Bush.
7 - Verifico que a situação das finanças federais norte-americanas é simplesmente caótica, muito parecida (por razões diversas, apesar de tudo) com o estado tradicional das finanças da maioria dos Estados Europeus. Sei e temo pelo agravamento - aparentemente, irreversível - da Economia dos Estados-Unidos. Acho preocupante - sob o ponto de vista da (ir)racionalidade da intervenção do Estado e do que isso pode gerar - a situação e o crescimento exponencial da assistência/Segurança Social Medicare norte-americana.
8 - Na realidade, com a "espada" da dívida pública gigantesca, por um lado e, por outro, com a incapacidade de relançar o crescimento interno, temo que a política norte-americana passe, nos tempos mais próximos, por uma rigidez proteccionista sob o ponto de vista do comércio internacional. Tenho quase a certeza que tal ciclo e estado (actuais) da economia norte-americana acabarão por levar a um decréscimo do consumo interno e das importações americanas - com consequências graves e em cadeia para toda a economia mundial. A começar pela Europeia.... Será capaz a administração Bush fazer agora, no último mandato, aquilo que não conseguiu, aparente e directamente, fazer anteriormente?
Também acho que isto pode ser uma interrogação/preocupação legítima.
9 - Agora, tenho a sensação/receio de que Bush vai mesmo ser, proximamente, posto á prova definitivamente!
Dito de outro modo, acho que é previsível que Bush tenha que se dabater com outro acontecimento realmente importante e decisivo, seja nos Estados-Unidos, seja algures, no mundo, mas de forma a que os interesses norte-americanos sejam postos em causa.
Será um novo 11 de Setembro?; a concretização da recente ameaça de O. Bin-Laden? uma ameaça/atentado nuclear?
10 - Talvez igual problema, com o mesmo grau de probabilidade, se colocasse também a Kerry - caso este tivesse sido eleito.....
11 - Tudo o que ficou dito e todas as dúvidas expostas, levam-me a gostar - mas também, a gostar moderadamente! - da reeleição de Bush e a considerar interessante o resultado das eleições presidenciais norte-americanas.
12 - Vejamos se também virão aí "tempos interessantes" para o resto do Mundo em geral e para a Europa, em particular....