Se o Benfica se julga no direito de se ir carpir junto do Governo por achar que foi prejudicado nas arbitragens, a quem se deve o F.C. Porto dirigir após mais uma extraordinária exibição de Lucílio Baptista (o mesmo da taça no meio do pinhal, lembram-se?) e do seu bandeirinha do lado direito?
Depois de Mcarty ter sido violentamente abalroado por Cafu logo no 1º minuto de jogo, o sr. Lucílio nem amarelo deu (na Liga dos Campeões seria vermelho); depois, o mesmo jogador foi agredido por Milhases e o enviesado bandeirinha só viu a resposta do sul-africano; ambos assobiaram para o ar e não marcaram penalty quando Bosingwa for ceifado dentro da área; os foras-de-jogo só tinham uma cor; e culminaram a sua actuação com um golo marcado em of side tão nítido que até Jaime Pacheco descobriu em si algum pudor quando foi interrogado sobre o assunto.
Mas a quem se pode o F. C. Porto queixar?
A Liga é uma desgraça ética que mancha quem por lá anda. A FPF, um verbo de encher. A comissão dos árbitros uma corporação como outra qualquer. A generalidade dos media desportivos acredita, acefalamente, que vende mais se os "encarnados" forem à frente do campeonato. Todos continuarão a dizer que o sr. Lucílio é um excelente árbitro internacional. Que o bandeirinha do lado direito é muito promissor (ai não, não é!). Que o Boavista é uma equipa de futebol em vez de uma dezena e tal de caceteiros que erraram, por pouco, a sua vocação principal - a luta livre.
Não vale a pena queixarmo-nos a ninguém, claro. Ganharemos ou perderemos o campeonato com a dignidade que os "encarnados" desconhecem há décadas.
Mas, ainda assim, mesmo com Lucílios e bandeirinhas de ocasião, eu acho que vamos ganhar.
