Para líderes da oposição
Lição nº3
Se estás na oposição, tens que defender uma grande ideia.
Os jornalistas vão-lhe chamar "grande desígnio nacional". Serás um político com "ideias para o país". Os teus adversários serão políticos sem ideias.
Mas escolhe só uma. E simples. Os teus eleitores não conseguiriam compreencer duas ideias, ainda por cima complexas. E tu também não. Portanto: uma e simples.
A tua ideia tem que ser popular, especialmente entre os intelectuais que a vão divulgar. Escolhe bem entre a educação, a ciência, o ambiente, a cultura, a saúde, os pobre e um grande evento internacional.
Neste campo já quase tudo foi tentado. Mas os truques antigos podem ser reciclados que já ninguém se lembra. Põe os olhos no Eng. Sócrates, que como bom ex-ministro do Ambiente está prestes a reciclar o Guterrismo com o seu choque tecnológico.
A tua ideia tem que agradar a uma vasta clientela. O Mar pode parecer muito apelativo, mas já não existem clientelas que dependam do Mar. Tenta outra coisa.
A tua ideia não precisa de funcionar, mas é desejável que não possa ser questionada. Ideias relacionadas com a ciência e o ambiente são preferíveis. Ninguém percebe muito do assunto, mas ai de quem seja contra a ciência e o ambiente. De qualquer das formas, jamais serás julgado pelos resultados, por isso, a tua ideia não precisa de funcionar. Aliás, posso-te desde já garantir que não vai funcionar. As dos teus antecessores também não funcionaram. E olha, eles ainda são recordados por benfeitorias que não fizeram.
Tens que te ver a ti próprio como um vendedor de esperança. Decora três expressões
chave: "esperança", "confiança no futuro", "optimismo" e "mudança". Desculpa, são quatro. Talvez seja demais para ti. Corta "confiança no futuro". Lembra-te: estás no negócio dos mitos. Tu és uma espécie de cruzamento entre o Zandinga e um sumo sacerdote egípcio.
