A grande lição a tirar deste artigo de Teresa de Sousa é que a União Europeia não é um mercado livre de bens e serviços mas um mercado europeu de produtos políticos que as elites de cada estado trocam entre si. Toma lá os interesses dos meus pescadores, passa para cá os impostos da tua classe média. Toma lá os interesses dos meus produtores de leite, passa para cá os interesses dos teus produtores de tomate. Toma lá o meu mercado eléctrico, dá cá o teu mercado de telecomunicações. Toma lá um campeão europeu da indústria farmacêutica, dá cá um campeão europeu em aeronáutica.
Ou em europês:
Os que o dizem são normalmente os mesmos que passam a vida a dizer que a União nunca por nunca será os "Estados Unidos da Europa". Porque tem demasiada história, porque é demasiado diversa, etc. etc. É justamente por isso, porque não há um acto fundador da União sem história nem diversidade, mas uma sucessão de actos voluntários de partilha cada vez maior de soberania, que qualquer tratado europeu será sempre extenso e complexo. Porque resulta de uma negociação - tudo, no projecto europeu, resulta de uma negociação porque a Europa é uma construção democrática - e porque tem sempre de espelhar um compromisso.
E assim se constrói um monstro.