Se eu fosse americano não estaria a escrever aqui, não viverira onde vivo. Viveria, muito provavelmente, nos EUA e saberia muito mais sobre a América e sobre os candidatos. Como não sou americano, não tenho direito a voto. É verdade que a política seguida pelo presidente americano pode ter influência na minha vida. Mas o governo espanhol também tem influência na minha vida, e eu não vou reclamar o direito de votar nas eleições espanholas. O meu vizinho, os meus colegas e os meus concorrentes também têm influência na minha vida, e nem por isso eu acho que eles devem tomar as suas decisões pela minha cabeça e tendo em conta os meus interesses. Por isso, se eu não tenho direito a votar nas eleições americanas é porque as coisas estão bem feitas. Um liberal não aspira à democracia mundial ilimitada a que muita esquerda e alguma direita aspiram. Prezo muito o auto-governo e o federalismo.
Se eu fosse americano, não seria eu. Teria outros interesses e estaria muito mais bem informado sobre o que está em causa. Teria interesses realmente importantes a defender e um incentivo real para votar e para me informar sobre o que está de facto em causa. Como não sou americano não sei, não posso saber, em quem votaria se fosse americano. E por isso, quem teve a excelente ideia de não me dar direito de voto, fez muito bem.
PS - Ainda bem que nós portugueses não podemos votar nas eleições americanas. Lá até durante a campanha eleitoral se vota. E até no dia das eleições se publicam sondagens. Nós, sem um dia de reflexão entre o fim da campanha e e o dia das eleições não saberiamos em quem votar.
