13.11.04

VERDADE

Fazer de uma virtude moral, como a verdade, o lema de um partido político, ou, pior ainda, o leit-motiv de um congresso de uma dessas simpáticas agremiações, aparenta ser uma graça de mau gosto ou uma refinada ironia.
Não se concebe que, no congresso do PSD, políticos profissionais, como Morais Sarmento, José Luís Arnaut, Dias Loureiro, Alberto João Jardim, Marcelo Rebelo de Sousa, ou Pedro Santana Lopes, comecem subitamente, do púlpito onde discursam, a dizer «verdades» aos senhores congressistas e ao bom povo português sobre o estado do país, do governo e da coligação, e das relações com o Presidente da República, transformando-se em personagens de romances de Walter Scott, por exemplo, Sarmento, o puro, Arnaut, o genuíno, Loureiro, o franco, Jardim, o casto, Marcelo, o-que-não-mente e Santana, o verdadeiro.
A coisa tem, contudo, uma outra explicação. Ela anuncia um tempo novo para o PSD, marcado por um novo estilo de liderança, que pretende dizer «a verdade» a todos e a cada um dos portugueses, sobre as maravilhas operadas pelo governo e as malfeitorias da oposição. Num registo que lhe é peculiar, Santana prepara-se para, daqui até às próximas legislativas, estar em comunicação permanente com a Nação, para nos explicar, «cara-a-cara» e «olhos-nos-olhos», o que anda a fazer em S. Bento.
Numa palavra, não nos vai faltar animação, nem conversas em família.