1.4.05

BOAS NOTÍCIAS À DIREITA



Já é oficial, embora, por enquanto e nos próximos dias, se mantenha oficioso: Paulo Portas e Manuel Monteiro reconciliaram-se e preparam, em conjunto, uma moção a apresentar ao próximo congresso do CDS, na qual se traçará o futuro do partido e da direita portuguesa. A moção chama-se «Direita Unida, Oposição Forte» e o seu ponto de partida é o de que o espaço político do CDS não sobreviverá a quatro anos e meio de oposição ao governo socialista e com Cavaco em Belém, se não surgir unida e coesa no próximo congresso do partido, para oferecer uma oposição forte ao governo do PS. Assim, Manuel Monteiro regressará com os seus ao partido de que já foi líder, com o consentimento e o apoio público de Portas. A Nova Democracia será declarada extinta.
A estrutura de governo do CDS que ambos apresentarão ao congresso, ainda carece de alguns pormenores a definir, mas deverá consistir numa Comissão Política Directiva onde terão assento Luís Nobre Guedes, António Lobo Xavier (outro regressado), Nuno Melo, António Pires de Lima, Manuel Monteiro e José Adelino Maltêz. O líder do partido será escolhido entre algumas figuras de segunda linha, dando-se assim um inequívoco sinal de que se trata de uma situação transitória, enquanto Paulo Portas cumpre o seu auto-infligido «período de nojo eleitoral». O escolhido será, provavelmente, Telmo Correia, embora José Ribeiro e Castro possa ser também uma opção. De lado ficou Maria José Nogueira Pinto, porque se duvida que, uma vez na liderança, abandonasse essas funções quando Portas quisesse regressar. Quanto a este, manter-se-á na Assembleia da República, onde fará, de tempos a tempos, intervenções sobre assuntos de política nacional considerados fundamentais. O seu regresso à liderança, com o apoio da Comissão Política, prevê-se para finais de 2007.
O plano e o acordo entre Portas e Monteiro não necessitou de mais do que duas reuniões e um jantar, mediados por Caetano Cunha Reis, amigo de ambos e que foi o primeiro líder da Juventude Centrista, nos idos de 1975. As reuniões juntaram, para além do anfitrião, Luís Nobre Guedes e Jorge Ferreira. A reconciliação entre Monteiro e Portas teve lugar num jantar realizado na passada semana, promovido pelo primeiro secretário-geral da Juventude Centrista na sua casa, considerada por ambas as partes como «terreno neutro e discreto». Este facto demonstra bem a importância dessa estrutura ao longo da vida do partido democrata-cristão português.