Li, algures, na imprensa que os grandes beneficiados são a Alemanha e a França. Talvez seja verdade. Mas esta visão cínica desvaloriza negativamente o facto de Portugal também beneficiar -- e de que maneira -- com esta medida.
Dado que António Borges não é propriamente um tontinho ortodoxo, o Bloguítica já que não se fia em opiniões bem argumentadas pelo menos devia levar a sérios opiniões de pessoas que ele próprio reconhece como autoridades na matéria:
Como avalia a reforma do PEC?
É péssima para a Europa e um desastre para Portugal, pois era a melhor ajuda que os ministros das Finanças e os governos tinham para fazer uma coisa que têm que fazer de qualquer maneira, que é pôr as contas públicas na ordem.
O PEC não era também uma forma de permitir aos Estados enganar a Europa, apresentando soluções imaginativas?
O PEC não era tão estúpido como parecia, pois permitia alguma flexibilidade e esta vinha precisamente de receitas extraordinárias, da redução do peso do Estado através de vendas de activos, não de fraudes. Em todos os países os Estados têm activos, como o imobiliário (é o caso de Portugal), que estão desaproveitados e que podem ser vendidos. Ao vendê-los o Estado está a libertar recursos para o sector privado, a reduzir a sua dívida pública e o impacto financeiro do défice é menor. É preciso é criar um modelo de passagem destes activos para o sector privado que seja transparente e aceite por todos.
Note-se ainda o elogio de Borges às tão odiadas receitas extraordinárias.