Ontem morreu João Paulo II, Bispo de Roma.
O mundo assistiu em directo à sua lenta agonia.
JPII marcou a minha vida; nunca conheci nenhum outro Papa; os meus trinta e um anos impedem-me de ter memórias mais longas. Estou certo que marcou também a vida de muitos jovens e menos jovens, que procuraram estar atentos à sua mensagem. Como se não pode gostar de algúem que adora desporto, caminhar, viajar pelo mundo, estar perto dos homens, e que tanto lutou por melhorar, no terreno e com a sua acção, o rumo da humanidade?
Em três locais acompanhei as suas peregrinações: Porto, Fátima e Santiago de Compostela. JPII saiu do Vaticano, marcou presença nos locais menos prováveis. JPII falava todas as línguas, queria ser o Papa nao só dos católicos, mas de todos os que amam as virtudes humanas.
Daí que não surpreenda que a sua morte seja rezada, não apenas pelo mundo católico; o mundo ateu (dos "homens de boa vontade", como tenho ouvido), atenua por esta data parte do seu défice espiritual, rendido à grandeza de JPII, enfatizando a sua importância política, que a teve, mostrando-o como um simbolo da Liberdade, que o foi. Realçam a sua veste de pastor ecuménico. O de combatente da exploração humana. Não vou eu explorar este legado, que está a ser exaustivamente apresentado por todos os meios de comunicação social, por comentadores de todos os quadrantes, e por políticos da esquerda, no activo, como Sampaio e Sócrates, ou no "passivo", como Mário Soares, mais habilitados do que eu nestas matérias.
Para mim, JPII foi, é, e será, o Papa das coisas simples. O Papa que encarnou o Cristo Homem, e não o Cristo Deus. O Cristo que sofre, que ama o outro, que procura estar perto daqueles que sofrem, daqueles que dele mais precisam. JPII tinha um coração enorme, tendo procurado abraçar toda a Humanidade.
JP II tinha uma grande devocação à Virgem, símbolo maternal, onde buscava refúgio. A Maria, Espelho de justiça, Sede de sabedoria, Causa de nossa alegria, Rosa mística, Torre de marfim, Casa de ouro, Arca da aliança, Porta do céu, Estrela da manhã, Saúde dos enfermos, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Rainha da Paz, hoje rezo, deixando aqui uma oração, que partilho com os que a mim se queiram juntar:
Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a vós; e, em prova de minha devoção para convosco, eu vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E, porque assim sou vosso, ó incomparável mãe, guardai-me e defendei-me, como coisa e propriedade vossa.
Rodrigo Adão da Fonseca