19.4.05

PEDRO BURMESTER, CASA DA MÚSICA E BLASFÉMIAS

Na Baixa do Porto, Alexandre Burmester afixou um post em resposta a duas notas inseridas no Blasfémias por mim próprio e pelo João Miranda.
Embora não tenha procuração do João, julgo que ele não se oporá a que eu diga que, em boa verdade, o referido post era desnecessário, na medida em que nenhum de nós pretendeu visar especialmente o conhecido pianista.
Efectivamente, o que está em causa não são tanto as condições contratuais, boas ou más, que Burmester terá eventualmente reclamado para se manter na Casa da Música, nem tão pouco saber se ele seria um bom ou mau gestor desse projecto. No primeiro caso, trata-se de uma simples negociação contratual, que deve ser livre, mesmo que uma dessas partes seja o Estado. No segundo, é irrelevante, nesta altura, saber se Burmester foi um bom ou mau gestor da Casa da Música enquanto por lá esteve, na medida em que já lá não está e porque, pela forma como saiu e como tem gerido a sua relação com a CMP, dificilmente lá voltará nessa mesma qualidade.
O cerne da questão era, e é, de facto, outro: o aproveitamento político-partidário da figura do músico que, até pelo desempenho que teve no projecto e pelo mérito profissional que lhe é reconhecido, não devia deixar-se envolver nestas questões. Embora aqui as responsabilidades sejam mais imputáveis a outros do que a ele próprio, a verdade é que a posição de Burmester não tem sido de todo inocente. Quando, por exemplo, a poucos meses das eleições autárquicas, ele afirmou que só actuará na Casa da Música quando Rui Rio deixar de ser Presidente da Câmara do Porto, está a trocar os planos das coisas: deixou de ser músico e, até, eventualmente gestor, para passar para o plano puro da política. Ou seja, Pedro Burmester não é, nunca foi, um boy do PS. Mas está objectivamente a agir politicamente, em conformidade com os interesses desse partido. Por isso, não poderá lamentar que a sua actuação seja politicamente avaliada, arriscando-se mesmo a comprometer a avaliação pública da sua contribuição para o desenvolvimento do projecto em causa.