Como é óbvio, no caso Casa da Música não estão em causa as qualidades pessoais ou profissionais desta ou daquela pessoa. Aliás, deve-se discutir tudo menos pessoas. E esse é que foi o erro do Sr. Presidente da República e da Sra Ministra da Cultura. Nenhuma instituição que se preze, uma universidade pública, por exemplo, aceitaria interferências deste tipo no seu funcionamente interno nem aceitaria depender de uma determinada personalidade, por muito meritória que essa personalidade fosse.
Dado que a Casa da Música foi paga com dinheiros públicos e será financiada por dinheiros públicos, deve estar sujeita às boas práticas do sector público, e por isso todos os projectos culturais que tenham como objecto a Casa da Música devem ser sujeitos a concurso público. Não é aceitável que a Casa da Música seja, por exemplo, gerida a título vitalício por uma fundação onde o estado é minoritário apesar de ser o principal financiador. Nem é aceitável que a Casa da Música se transforme num projecto pessoal de uma determinada personalidade.
Eu não sei se o Pedro Burmester tem as qualidades necessárias para gerir a Casa da Música ou se tem o projecto certo para a instituição. O que sei é que esse assunto não deve ser decidido por mim, nem pelos notáveis do Porto, nem pela opinião pública, nem pelo Sr Presidente da República. Esse é um assunto que deve ser resolvido de forma imparcial através de um concurso público internacional.
