O Diário de Notícias e o Público fizeram ontem ambos referência à nova formula de cálculo do IA - Imposto automóvel, o qual passará a ter em conta uma base de 90% sobre a cilindrada e 10% sobre a componente ambiental.
Os títulos das notícias indicam perspectivas totalmente opostas: «Novo IA penaliza carros menos poluidores com maiores aumentos», no Público e «Imposto Automóvel desce 2,4% no conjunto dos carros», no DN.
Curiosamente, ambos são verdadeiros.
O primeiro versa sobre um estudo da ACAP relativo aos 42 modelos de automóveis mais vendidos em cada classe, representando estes um total de 20% das vendas anuais. O segundo, baseia-se num estudo comparativo da ANECRA sobre os 2246 diferentes modelos vendidos em 2003.
O Público não se limitou a aceitar os dados do estudo e fez igualmente contas, demonstrando na prática vários distorções (face á intenção governamental anunciada), ao nível dos veículos mais vendidos em 2 classes. Por outro lado, enquanto o Público apenas faz referência ao estudo da Acap, o DN cita os resultados dos dois estudos.
Independentemente de saber qual das duas metodologias ou base de cálculo adoptadas será mais aproximada á realidade, o certo é que existiu uma clara opção editorial, sendo esta mais notória no caso do DN, pois entre as duas informações contraditórias optou por dar destaque a uma delas, a mais favorável às intenções do Governo. A opção do Público (ao não dar notícia do estudo em sentido inverso da Anecra), é mais suave, «escondendo» dos leitores a existência de informações contrárias, singindo-se exclusivamente a uma fonte. O que certamente também é uma opção editorial, mas que poderia ser mais clara nas suas intenções.
