21.10.05
Cultura estatizada, uma revolta contra as imperfeições do mundo
Os liberais são acusados de ter uma visão utópica da sociedade e de aspirar a uma sociedade perfeita. Curiosamente, estas críticas são feitas pelos mesmos que defendem o estado como alternativa à sociedade sempre que julgam ver uma imperfeição na sociedade. Isto é muito claro no debate sobre cultura. Supostamente, a sociedade civil não consegue gerar por si só produtos culturais suficientes para satisfazer as necessidades. Por isso, os críticos do liberalismo defendem que a sociedade deve ser taxada para que o estado possa fornecer esses produtos culturais em falta. Mas se a sociedade civil não gera produtos culturais suficientes é porque não há procura. É porque os seus membros entendem que existem outras prioridades. E existem outras prioridades porque o país é um país pobre de recursos limitados. Os defensores da cultura estatal não se resignam à escassez, isto é, não aceitam as imperfeições do mundo e procuram ultrapassar essas imperfeições com recurso à entidade imaculada que é o estado. Mas determinadas imperfeições são inultrapassáveis. Não é possível eliminar a escassez por transferência de recursos dos privados para o estado. A cultura estatizada acaba mesmo por ser uma solução sub-óptima porque, não reflectindo as preferências da sociedade civil, acaba por ser feita à custa de outros bens que a sociedade valoriza. Os defensores da cultura estatizada querem fazer à força aquilo que os indivíduos em liberdade não consideram prioritário.