16.10.05

SÃO ESTAS "marquesas" QUE REFORÇAM A DIFERENÇA

«O FCP é bem o espelho da urbe em que se sedia: arrogante, ignorante, fraco, arroaceiro.» (ass. Marquesa dos Altos)

Senhora Marquesa dos Altos:

Essa frase é bem o espelho da decadência intelectual de quem, aluadamente, julga viver numa qualquer Corte alfacinha, se dá títulos, distribui injúrias e pretende avaliar vertical e geograficamente todos os outros: é uma sentença completamente equivocada no sentido e errada na forma gramatical. São, realmente, (faltas de) juízos assim que sedimentam a diferença que esta urbe foi e faz em relação a outros lugares onde qualquer pobre de espírito se julga e se arroga superior aos demais por direito natural, legado por via urinária.

A urbe onde o FCP se sedia foi quase sempre uma expressão de autonomia e liberdade que se regia por regras próprias, como um "borough" enxertado num ambiente centralista e biologicamente pio. Foi o lugar onde a sua Santa Inquisição só conseguiu fazer um auto de fé durante 300 anos - porque, nesta urbe, havia, e ainda há, gente que não admite que lhe imponham condutas de fora para dentro.

É por isso que o FCP, que Vossa Senhoria não conhece nem percebe, é muito mais do que um clube. Independentemente daqueles que circunstancialmente o protagonizam, o FCP representa esse espírito de saudável rebeldia, esse ânimo de Liberdade que os outros lugares do pais, tantas vezes, sentem estranho e postergam.

É também por isso que esta urbe, quase até ao séc. XVI, foi aquela que não permitiu que condes e marquesas lá tivessem morada - sem dúvida, porque os homens e mulheres livres que aqui estavam anteviam a possibilidade de que uma qualquer Marquesa chã, crente que os "Altos" se herdam e não se adquirem por mérito - papel que V. tão bem parece querer representar -, pudesse por cá andar empestando a paisagem com as suas anacrónicas vacuidades.