Subsídios à Cultura
Um dos argumentos que é frequentemente usado pelos defensores de amplos subsídios à produção cultural, é o de que Portugal não tem dimensão suficiente para que certos tipos de projectos culturais subsistam apenas com base no nicho de mercado em que se posicionaram. Logo, o estado tem que subsidiar.
É uma evidência que quanto menor for a população de um país, mais pequenos são os mercados, menor é a procura de bens culturais e mais difícil é a subsistência de ofertas fora do main stream. O nível de rendimento da população também influencia, obviamente, essa procura.
Mas nos países pequenos também é menor o número de contribuintes. O que o argumento de cima pressupõe é que quanto menor e mais pobre for o país, maior será a factura fiscal necessária para apoiar a cultura sem mercado. Quanto mais pequenos, mais impostos. Quanto mais pobres, mais impostos. Um absurdo e um tiro na competitividade do país.
Agora imagine-se que Portugal era ainda mais pequeno. O que o argumento nos leva é que também teríamos que subsidiar os jornais (não haveria mercado publicitário suficiente), as televisões e, qualquer dia, até as traduções de livros estrangeiros para português. Tudo em nome da diversidade cultural.
Cada vez menos, a pagar cada vez mais. E há quem veja nisto um acto de justiça. E ainda bem que não somos malteses. Ou andorrenhos.