16.11.05

De revisão em revisão a caminho da depressão?

Nova revisão das estimativas do Banco de Portugal, nova desaceleração para o crescimento económico. A cumprirem-se as últimas projecções, terminaremos o ano a "crescer" à esquelética cifra de 0,3%. Mas nada de pânico, sossega-nos o ministro das Finanças, que não estamos em recessão. Ele que se cruze com Miguel Cadilhe e levará monumental zurzidela. Pelo conceito do "melhor ministro das Finanças de sempre", estaremos em profunda depressão: porque sendo dos mais pobres deveríamos crescer a taxas irlandesas e porque se acentua cada vez mais a nossa pobreza relativa com a contínua divergência face aos nossos parceiros da UE, cujo crescimento médio rondará uns "robustos" 1,5%.

Estejamos ou não em recessão, certo é que o discurso e as medidas visando a confiança estão a ter um efeito contrário ao pretendido. Coisa de resto normal, quando os decisores políticos se põem com excessos de voluntarismo.

Ora, se esta política não está a resultar, porque não invertê-la totalmente? Admitindo:
  • Redução brusca de impostos (vg., uma taxa única de 15% para IRS, IRC e IVA);
  • Privatização de escolas, universidades, hospitais e todas as empresas e golden shares ainda na posse do Estado;
  • Cancelamento definitivo dos projectos da Ota e TGV;
  • Revogação de planos tecnológicos e dos projectos megalómanos de criação de emprego;
  • Implementação imediata de portagens em todas as auto-estradas do país;
  • Liberalização dos despedimentos, incluindo na função pública;
  • Extinção do salário mínimo e de todos os subsídios assistencialistas;
  • Extinção da maior parte dos ministérios e institutos públicos que seriam (são?) redundantes.

Haveria fortes probabilidades de restauro da confiança, de retoma do investimento, de enorme afluxo de capitais do exterior.

Não valeria a pena tentar? É que já não há nada a perder!