Estado social gera exclusão

Jorge Palinhos diz que os problemas em França não podem ser causados pelo modelo social europeu porque estão a surgir quando o mesmo sistema social está a ser posto em causa na França. Enquanto isso, o André Carapinha, a propósito da questão consumidor versus cidadão diz que ««um cidadão é sempre igual em direitos e deveres a outro cidadão (um cidadão, um voto), enquanto um consumidor é desigual a outro na medida em que consome mais ou menos»». Ora, estas questões estão relacionadas. No modelo social europeu, todos os cidadãos têm um voto, mas aqueles que já estão integrados são mais iguais do que outros porque já ocupam lugares na função pública ou nas diversas corporações beneficiando dos respectivos privilégios. Como o mercado não funciona, consome mais quem mais instalado estiver. A ascensão social está bloqueada a todos, excepto para os que têm mais habilidade política. A igualdade entre cidadãos é meramente formal e sem qualquer relação com o esforço pessoal. No entanto, o modelo social europeu pode ser mantido durante décadas à custa de paliativos contra a exclusão e o desemprego até que a situação se torna insustentável. Quando o sistema atinge o limite, como a via económica para o enriquecimento está bloqueada, o radicalismo político é a única válvula de escape do descontentamento.