Manuel Alegre entende que «em momentos de crise o país "regressa a Camões", (...) "nesta época de descrença é necessário voltar a Camões e a Fernando Pessoa". Isto porque, justificou, "eles representam a preservação e a reafirmação dos valores da identidades nacional". »
Público
Tenho para mim que Fernão Mendes Pinto e a sua «Peregrinação» representam muito mais o que se possa entender por «identidade nacional» (seja isso o que for), do que as mitologias camonianas e pessoanas.
Sempre admirei o facto de, tendo sido escrita há tanto tempo, ser uma obra que fala na primeira pessoa dos mesmos temas em que ao longo dos séculos muitos outros portugueses se notabilizaram: das viagens, do conhecer coisas, lugares e pessoas diferentes, do comércio, da ganância, do desejo de uma vida diferente, da riqueza e pobreza, da morte e da prisão, da fé e da heresia, do amor e traição, do ser vilão e herói, da verdade e da mentira.
