Exmª Senhora,
Venho publicamente, em meu nome pessoal, como colaborador do blogue Blasfémias, pedir-lhe públicas desculpas por um «post» que aqui foi editado e a visou pessoalmente. Faço-o, repito, em meu nome pessoal, sem ter pedido autorização a nenhum dos meus colegas, muito menos ao meu Amigo de sempre Carlos de Abreu Amorim.
Pessoalmente, entendo que o CAA cometeu um erro e, porque não dizê-lo, uma incorrecção, que não deveria ter acontecido. Mas deixe-me acrescentar-lhe que, «post» à parte, o CAA é uma excelente pessoa, um homem honrado e uma pessoa de bem. Como, de resto, todos os que escrevem há quase dois anos neste blogue.
Se lhe apresento publicamente desculpas é porque entendo que ninguém tem o direito de se imiscuir na vida privada dos outros, seja de quem for, menos ainda quando se não conhecem as pessoas, o que é o caso concreto da Senhora. Isso nunca sucedera no «Blasfémias», onde, apesar das picardias que, por vezes, todos vamos protagonizando, nunca se ultrapassou o limite da vida pública de ninguém. E, de resto, nem mesmo essa nos costuma interessar: aqui debatem-se ideias, valores e acontecimentos políticos. Mais nada.
Por isso, eu não gostaria de ver o Blasfémias transformar-se naquilo que, infelizmente, se transformou a grande parte da nossa comunicação social: em «tribunais» públicos, onde, quantas vezes, se crucificam de forma leviana, publicamente, pessoas que, muito tempo depois, se constata serem absolutamente inocentes. Nessas alturas, meses ou anos passados, habitualmente, lá sai no meio do jornal ou no fim de um noticiário, um reduzido pedido de desculpas e de correcção da «informação indevidamente publicada», quase sempre imputada a «fontes anónimas mal informadas». Invariavelmente, tarde e a más horas, com vidas pessoais e familiares destruídas ou, pelo menos, fortemente abaladas. Posso garantir-lhe que, aqui no Blasfémias, onde temos, todos nós, um forte sentido da responsabilidade pessoal de serviço público que prestamos, nunca isso sucedeu, nem sucederá.
Não sei se o CAA tencionava ou não retirar o «post» que a ofendeu ou desculpar-se pessoalmente. É matéria que só a ele diz respeito e não me substituirei ao seu juízo. Tirar, ou manter, nesta altura o «post» é, parece-me, indiferente. O prejuízo que ele poderá ter provocado está feito e, nessa medida, restam, em minha opinião, duas coisas: renovar-lhe o pedido e desculpas e desejar que isto tenha servido de lição, a todos quantos utilizam esta tão útil quanto perigosa «ferramenta» que é, sensu lato, a comunicação social.
Com os meus melhores cumprimentos,
Rui de Albuquerque
