4.11.05

SOBRE A "INTIFADA" FRANCESA

A sublevação popular em França - já não é possível qualificá-la de "parisiense" porque os tumultos alastraram a muitos outros lugares, como Dijon e Estrasburgo - obriga-me, num insuspeito ímpeto de Fraternidade/solidariedade, a expôr alguns humildes conselhos para os governantes franceses resolverem esta crise de acordo com os parâmetros com que têm encarado problemas similares por esse mundo fora:
- Em primeiro lugar, a repressão policial e qualquer tipo de uso de força não traz nenhuma solução - o que é preciso é compreender as CAUSAS que forçam os jovens manifestantes a exprimirem tão convictamente o seu desgosto;
- É preciso DESCONSTRUIR estes incidentes - o fundamental é encontrar as raízes sociais, multiculturais e económicas que se escondem por detrás das expressões populares de descontentamento e refundar tudo o que tem vindo a ser feito até aqui;
- Para isso, é imprescindível a criação de vários ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS e de bastantes GABINETES DE ESTUDO que analisem todas as motivações formais e substanciais das múltiplas derivações parcelares do(s) problema(s);
- Antes de se utilizar qualquer meio mais drástico - expressão redutora de negatividade intrínseca que deverá ser evitada - é necessário OUVIR A COMUNIDADE INTERNACIONAL;
- Mas, para isso, é essencial que uma COMISSÃO DE PERITOS INTERNACIONAIS, nomeada por Kofi Annan e preferencialmente presidida por um escandinavo, visite os locais dos protestos, dialogue com os representantes dos manifestantes, os compreenda, elabore um circunstanciado Relatório que será votado pelo Conselho de Segurança da ONU, depois de todas as Comissões e Comités relevantes terem opinado (sobretudo não se esqueçam da UNESCO);
- Seria, ainda, conveniente estarem atentos às visões sobre o tema de FIGURAS INTERNACIONAIS DE PRESTÍGIO como, por exemplo, Saramago, Fidel, Bob Geldof, Ana Gomes, Chomsky, Jane Fonda, Lula, Farrakan, António Guterres, Barbra Streisand e Francisco Louçã;
- Sem me querer adiantar às declarações de tão eminentes personagens, gostaria de dizer, pela minha parte, que qualquer solução que se queira socialmente sustentável e que não se despregue da própria dimensão dos eventos como experiência da alteridade absoluta, terá de passar pela atribuição de um SUBSÍDIO PÚBLICO como justa compensação aos jovens que a realidade perversa do mundo ocidental, cruelmente, forçou a exibirem o seu desagrado.