É aquilo em que, a propósito da fatwa francesa, uma grande parte da intelectualidade bem pensante (com o inefável EPC en tête, em declarações à TSF), assim como da opinião pública (ou "publicada") dominante, incorrem!
Aposto que, quando a ordem for restabelecida em França (inevitavelmente, no ponto em que as coisas estão, com danos talvez irreversíveis!......) e chegar o tempo de tirar conclusões, lá teremos outra vez as velhas (de, pelo menos, 20 anos!) discussões em torno da falência do modelo de integração francês, do alto ou baixo preço das rendas dos H.L.M. dos subúrbios, da discriminação social dos emigrantes do Norte de África, das desigualdades resultantes do facto de se chamar Ali e não Dupont, da École Publique como factor de desigualdades e do mau desempenho da République!
Lá se discutirá outra vez se se deve ou não aumentar o subsídio por cada filho, se se deve rever ou não (outra vez) as regras de acesso às Universidades (sim, porque recentemente, a pensar nas possíveis "causas de exclusão social", o modelo de acesso, em França e contra a opinião da generalidade dos órgãos pedagógicos e de gestão das Universidades, passou a ser livre - não podendo legalmente nenhuma Universidade recusar um aluno que, preenchendo os requisitos necessários e mínimos, nela se pretenda inscrever, ainda que as suas aptidões específicas sejam manifestamente insuficientes!).
Assistir-se-á, outra vez, a toda a intelectualidade e a toda a esquerda soixante-huitard bem pensante, rodopiando, como baratas tontas, em busca desesperada de justificações e causas científicas, cada vez mais elaboradas e distantes da realidade, para o sucedido.
Falar-se-á, outra vez, da qualidade das construções na banlieu (inegavelmente, muitíssimo superiores à dos subúrbios de quase todos os países europeus e, incomparavelmente melhores do que as ditas condições de que ususfruíam, nos respectivos países de origem, os pais do "jovens" que agora exprimem a sua revolta).
Claro que isso também é importante; teria sido, principalmente, muito importante, há uns anos atrás quando a situação ainda era controlável.. Mas, bem vistas as coisas, continuar neste pingue-pongue francês de discursos e debates "politicamente correctos" (que duram há, pelo menos vinte anos), com tonalidades romântico-vermelhas (ou será melhor dizer, rosa!), significa continuar a tapar o sol com uma peneira e confundir tudo... Pior, significa que, confundindo-se os planos, não se podem encontrar respostas adequadas para os problemas.
Será que já alguém perguntou aos tais "jovenzitos" (coitados!) que podem ir à escola e não vão, que podem trabalhar e não só não o fazem, como se arrepiam com tal perspectiva, que vivem (melhor, dormem!) em apartamentos que, apesar de tudo, têm incomparavelmente mais condições do que aqueles que encontrariam nos países de origem dos seus pais, que não prescindem das suas "roupas de marca" (apesar de não terem dinheiro....limpo), etc., etc., já alguém lhes perguntou - dizia - se se querem mesmo integrar?!*
*Vem isto a propósito do bom artigo que Luis Salgado de Matos, escreve hoje, no "Público" (link não disponível) com o sugestivo título de A PALESTINA NO SENA!