Os incidentes na capital francesa já vão no seu 7º dia. Mas parece já ser possível descortinar os motivos para tão grande descontentamento entre os jovens dos subúrbios parisienses.
Na base de toda esta revolta encontra-se uma intensa aversão quanto aos actuais caminhos do Estado Providência francês geradores de desemprego e de desigualdades sociais: "Estamos fartos do Estado-Papá-e-Mamã!", gritavam os jovens, alguns deles bastante politizados, enquanto se preparavam para incendiar mais um carro.
Também a estratégia multiculturalista que os poderes públicos franceses têm seguido nas últimas décadas tem sido contestada por alguns grupos de manifestantes sem papas, nem couscous, na língua: "La France c'est une merde!", asseguraram-nos.
Do mesmo modo, pressente-se uma crescente insatisfação face à política cegamente proteccionista do Estado gaulês - elementos bastante próximos dos manifestantes asseguraram ao repórter que no auge das refregas com a polícia se ouviram palavras de ordem a favor da globalização e "vives" ao comércio livre.
Mas o ponto em que todos os protestos se reuniam era em relação à obssessiva política anti-americana de todos os governos franceses. Na verdade, conhecido o fascínio da maioria dos jovens manifestantes pela música RAP proveniente dos Estados Unidos, grande parte da contestação assenta no desagrado que a sistemática oposição francesa às políticas norte-americanas parece estar a causar. Fomos testemunhas disso mesmo quando um jovem que tinha acabado de partir uma montra a pontapé, com um livro de Kristol debaixo do braço, nos garantiu: "Chirac tem de apoiar o presidente Bush, ya know what I'm saying?...