Que um candidato fale de «pátria», ou de «nação» é para mim, em princípio, irrelevante. Tal conceito tem a mesma consistência fluida, mole e sem substrato como «desígnio», «consenso», «estratégia ou «interesse» nacional. Cada um preenche como quiser e lhe der mais jeito. É lá com cada um.
Já um agente do Estado, ministro ou que seja, que pretenda inculcar, estimular ou reavivar nas criancinhas ou em mim um suposto «amor pátrio», «valores nacionais» e quejandos, isso, já me incomoda seriamente. Porque do mito, romantismo ou crença pessoal, passa-se para a imposição de uma ideologia, de cariz autoritária (o colectivo indefinido em detrimento do individuo) e, a meu ver, perniciosa para a liberdade e para a sociedade em geral.
Nasci, eduquei-me e vivo numa comunidade. O Estado onde estou inserido, verificados os pressupostos atribuiu-me uma nacionalidade, a qual tem efeitos práticos para vários efeitos legais. Enquanto membro dessa comunidade tenho o dever de cumprir a lei ou conformar-me com as consequências previstas, em caso de incumprimento. Mais nada.
Não tenho, nem aceito que me imponham deveres, respeitos e sentimentos ou condicionem o meu pensamento e acção perante ou com entidades difusas de cariz romântica, colectivista, mitológica, sem substância, indefinida e sobretudo, subjugadoras e relativizadoras do individuo.