15.12.05

Meus senhores, então e a comida?

Manuel Alegre defendeu ontem que a água é um direito humano. Note-se que, dada a qualidade da água da rede pública estamos a falar de água lixiviada que não serve para beber. Água que serve para tomar banho, para descarregar o autoclismo, para cozinhar, mas que não serve para beber. A água para beber é a Água de Luso. Essa sim é que devia ser um direito humano. Mas não fiquemos por aqui. Todos concordamos que, se a água para tomar banho é um direito humano então, por maioria de razão, a comida também é um direito humano. Pelo menos o pão, os legumes, o arroz, a batata, o leite, o feijão e, quem sabe, um bocado de carne. Não falo da lagosta e do caviar. Se se considera que a água para tomar banho deve ser pública por ser um direito humano, que dizer da comida? Parece-me óbvio que o controlo público da comida é muito mais importante que o controlo público da água para tomar banho. Afinal, um homem pode passar sem tomar banho, embora não ganhe muitos amigos com isso, mas não pode passar sem comer. Onde é que está então o político de esquerda que defenda a nacionalização de toda a produção e distribuição de comida por esta ser um direito humano?