14.12.05

Presidenciais: Dar voz (III)

Mário Nogueira:

1. Que posição defende que Portugal deverá ter relativamente à União Europeia, nomeadamente quanto aos seus actuais desafios (PAC, constituição, OMC);

«A minha posição em relação à UE é a da defesa intransigente do Interesse Nacional. É um facto que vivemos num mundo globalizado, onde as nações se especializam na produção de bens, a fim de que possam produzir a preços competitivos. Mas também é verdade que Portugal não pode, de ânimo leve, consentir na imposição de deliberações contrárias à sua própria autonomia e ao seu auto-abastecimento. Por exemplo, não podemos concordar com o abate de barcos de pesca, e depois vermos os outros países virem pescar nas nossas águas, e venderem o ?nosso? peixe nas nossas lotas.»

2. Dentro dos poderes constitucionais actuais do PR, e existindo um dupla legitimidade eleitoral (PR e AR), que matérias prevê que poderiam ser conflituantes com a actual maioria parlamentar e que posição, nesse caso tomaria?

«O País precisa de ter um Presidente da República isento, equilibrado, com sentido de justiça, que esteja determinado a defender a Condição Militar e o prestígio da Forças Armadas, e a exercer, efectivamente, as funções constitucionais de Comandante Supremo das Forças Armadas e de Presidente do Conselho Superior de Defesa Nacional. Esta é sem dúvida alguma a área em que será maior o atrito, uma vez que o PR tem de ouvir as FA ? coisa que a actual maioria parlamentar não faz ? e solucionar o conflito, porque as FA são o sustentáculo da Soberania Nacional, e não podem, nem devem, ser hostilizadas.»

3. Que matérias/áreas considera prioritária o PR ter mais em atenção e de que forma este poderia intervir?

«No actual estado de degradação, iniquidade e injustiça com que o País se debate, considero que o PR tem necessidade de dar toda a atenção, e de intervir, prioritariamente, nas áreas da Paz Social, Trabalho, Saúde, Educação, Justiça, porque Portugal precisa de ter estabilidade política para poder solucionar os graves problemas que enfrenta. O PR pode intervir promovendo o debate amplo sobre essas áreas, e conscientizando o Governo, e a Nação, de que o verdadeiro desenvolvimento político, social e económico que se faz necessário, é aquele que tem como objectivo promover a dignidade humana, e garantir o Presente e o Futuro das nossas crianças, dos nossos velhos, dos migrantes que nos estendem a mão, das nossas mulheres e dos nossos homens.»

4. Que reformas estruturais defende para a sociedade/Estado e de que forma se proporia contribuir para as mesmas?

«Não interessa fazer reformazinhas. Portugal precisa sim é de passar por uma profunda mudança estrutural, mudança essa que tem de se iniciar no topo do Estado e depois repercutir como uma Grande Onda por todos os sectores da vida política, social e económica do País. Temos de acabar, imediatamente, com a miséria, com a corrupção, com a falta de responsabilidade dos órgãos públicos e dos seus representantes. Temos de estabelecer os valores da Identidade Nacional, da Ética, do Trabalho. Temos de apresentar ao País e ao mundo um rumo credível e viável, fundamentado em vantagens competitivas geradas por 5 pilares do desenvolvimento sustentável: o Mar, O Turismo, as Tecnologias, os Serviços de Saúde, a Inovação e o Empreendedorismo. Só assim poderemos criar uma Nova Esperança que motive e mobilize os Portugueses, e atraia o investimento doméstico e estrangeiro, porque a Economia só reage positivamente depois de solucionadas as questões Políticas e Sociais, e não ao invés. O que interessa são as Pessoas, não são os números.»