Mas nos discutimos ultimate ends a toda a hora (um subjectivista tambem o faz, mas de acordo com a sua posicao filosofica tal seria impossivel, pois os fins sao arbitrarios e nao podem ter valor de verdade ou qualquer objectividade -eles estao em auto-contradicao performativa) e as pessoas mudam ou corrigem as suas posicoes quanto a ultimate ends. Ou seja, a realidade parece desautorizar a teoria.
Não há aqui qualquer contradição. O que a teoria austríaca diz é que um agente tem determinados valores (no sentido de valorizar determinados bens económicos e não outros) e que age para satisfazer esses valores. Para cada agente, os seus valores são perfeitamente objectivos e podem ser comparados entre si. Como é óbvio, cada agente, num momento de introspecção, pode questionar os seus valores. E como é óbvio, um agente não é imutável, e quando muda pode mudar os seus valores.
O que não faz sentido nenhum para a teoria económica é a comparação dos valores de dois agentes diferentes. Os valores não são absolutos mas relativos a cada agente e por isso não podem ser comparados. Como os valores não podem ser comparados, não devem existir políticas públicas baseadas na comparação de valores. Por exemplo, não devem existir políticas públicas baseadas na ideia de que a educação é mais importante que o futebol porque o gosto por futebol de uns não pode ser comparado com o gosto por educação de outros.
O subjectivismo dos valores é a única explicação possível para o comércio. Se os valores fossem absolutos todos os agentes valorizariam o mesmo produto da mesma maneira e as trocas seriam um jogo de soma zero.
Não confundir esta teoria do valor, que se refere a bens económicos, com o relativismo pós-moderno. O que os pós-modernos dizem é que a própria realidade é subjectiva. Que o mundo não só parece diferente para cada agente como é de facto diferente. O que os austríacos dizem é que agentes diferentes valorizam o mesmo objecto de forma diferente.
PS - O subjectivismo autríaco não é uma teoria moral. Não se defende que os bens económicos devem ter valores diferentes de pessoa para pessoa. É uma teoria positiva que decorre do facto de que aquilo que cada um valoriza depende das suas próprias características e das suas circunstâncias.