Aposto que Vasco Pulido Valente deve ter conhecido, lá pelos anos 70, alguns marxistas que tomavam banho. Pois então não é que alguns liberais também tomam banho? Pelo menos é o que alguns dos meus amigos liberais me dizem. Ora, esta semelhança só pode querer dizer que o liberalismo e o marxismo são basicamente a mesma coisa. Mas o João Galamba descobriu primeiro.
Esqueçamos o banho. Vasco Pulido Valente insiste em avaliar os liberais à luz de critérios socialistas que não se lhes aplicam. Só que os liberais estão muito mais interessados em compreender a sociedade do que em mudá-la. O liberalismo não é um projecto de poder, é uma filosofia política que serve, entre outras coisas, para perceber que as sociedades são demasiado complexas para serem governadas e os homens demasiado ignorantes para estarem em condições de governar sociedades complexas. Percebe-se por isso que os liberais não se identifiquem com nenhum governo (muito menos com o de George W Bush, onde foi Vasco Pulido Valente buscar essa ideia? Ao Louçã?). Os liberais não dizem, como diriam os tais marxistas dos anos 70, que o governo X não é o seu governo, e que o seu governo seria diferente. Os liberais reconhecem que os governos, pelo menos os governos que governam nas circunstâncias políticas da maior parte das democracias, dificilmente poderão ser liberais e o mais provável é que tenham mesmo que ser anti-liberais.
