A notícia parece ser de estrondo - afinal, uma ex-ministra do PSD está com o Governo socialista numa das suas medidas mais controversas. Mas vejamos:
- MFL concordará sempre com qualquer esboço de acção que aparentemente esteja sintonizada com a lógica de poupança atolambada que tentou imprimir na sua governação. Com muito barulho para pouco resultado, diga-se.
- MFL, tal como outros ex-membros dos Governos de coligação PSD/CDS, julga ter chegado a sua hora de voltar a pisar os terrenos do combate político (outros, como PPortas, não souberam esperar, adiantaram-se e a coisa correu mal). Manifestou-se frontalmente contra a solução anedótica de Santana, o que só lhe ficou bem, e, depois, remeteu-se a um prudente silêncio - agora, quando a maré começa a mudar e o estado de graça de Sócrates está prestes a esboroar-se, é tempo de MFL dizer: "estou aqui, existo, e, olhem para mim, até faço oposição responsável...". Existirão [corrigido] sempre espíritos cuja inultrapassável candura receberá sempre como puras este tipo de posições de mera táctica política...
- Sobretudo, o caso prefigura uma questão interna de alinhamento na luta pelo poder no PSD - é preciso pensar a 2 anos de prazo. MFL quis primar pela distinção em relação a Marques Mendes, liderança com quem não se quer ver confundida, a partir de agora, já que planeia disputar-lha no Congresso que se realizará 1 ano antes das Legislativas. MFL está a marcar o seu lugar. Tal como Luís Filipe Menezes. Tal como o Professor Marcelo (que já deverá estar a preparar os seus dardos dominicais para atingir simultaneamente a posição de Marques Mendes e a daqueles que a contestem). Tal como todos os que se julgam capazes de liderar o PSD nas próximas Legislativas.
Preparem-se: esta é a primeira de muitas atitudes que se irão repetir até à saciedade - a liderança de Marques Mendes terá nas manobras sinuosas dos putativos candidatos a candidatos no PSD uma das suas maiores dificuldades. De momento, o Governo agradece...
