(....também na senda do Garbage in, garbage out, aqui para trás, no Blasfémias, do João Miranda)
A análise dos resultados eleitorais norte-americanos entra agora numa fase de "ressaca". Pelo menos, seria previsível que assim acontecesse.
Por "ressaca", neste contexto, entende-se frieza, distanciamento e alguns ganhos de lucidez.
Nota-se, no entanto, na classe apoiante do Senador Kerry, a existência de alguns sintomas de "ressaca" propriamente dita, ou seja, um certo mal estar, sinais de alguma depressão e de humor de "fim de festa".
No entanto, encontram-se também, submersas na sadness reinante, pistas de reflexão novas e que importa considerar serenamente. Sobretudo, para quem - como eu - preferindo que tivesse ganho Bush, não integrava nenhum "clube" de indefectíveis fãs do actual Presidente norte-americano. Tinha e tenho, apesar de tudo, algumas dúvidas - pese embora as minhas preferências de princípio. Mais pelos eventuais "efeitos laterais" que uma putativa vitória de Kerry e dos Democratas, nos tempos que correm, poderia ter, do que por uma confiança (nem tão pouco mais ou menos cega!) na Administração Bush.
Ora, uma das pistas de reflexão que me parece nova, é aquela que foi deixada por Hendrik Hertzberg, na sua crónica "BLUE", na The New Yorker.
O voto massivo em Kerry, nos grandes centros urbanos como N.York ou Washington, poderá, na perspectiva do colunista, ser, de certo modo, justificado com o medo da Al-Quaeda. Um pouco o efeito Zapatero, se bem que sem as consequências eleitorais espanholas. Para pensar....
Aqui fica uma parte da refelexão de Hendrik Hertzberg:
" (...) Along with the sadness and the puzzlement, there is apprehension. Here in the big coastal cities, we have reason to fear for the immediate safety of our lives and our families - more reason, it must be said, than have the residents of the «heartland», to which the per-capita bulk of «homeland security» resources, along with extra electoral votes, are distributed. It was deep-blue New York (which went three to one for Kerry) and deep-blue Washington, D.C. (nine to one Kerry), that were, and presumably remain, Al Qaeda?s targets of choice. In the heartland, it is claimed, some view the coastal cities as faintly un-American. The terrorists do not agree. They see us as the very essence - the heart, if you like - of America. And, difficult as it may be for some rural gun owners to appreciate, many of us sincerely believe that President Bush's policies have put us in greater peril than we would be facing under a Kerry (or a Gore) Administration".