12.11.04

Fantochadas

A SIC tinha «enviados especiais» na Palestina. Efectuou vários directos. Repórteres e correspondentes. Ao vivo, em diferido e a cores.
Ao almoço, das 13h até às 13H17, pelo menos, a RTP estava em directo do enterro, relatando o que se via: a multidão, os gritos, os tiros para o ar. O coitado do repórter bem que tentava imaginativamente improvisar alguma substância, mas de Lisboa pediam «sangue», e não lhe davam descanso com perguntas pertinentes, «olha, e o helicóptero foi directo para aí?». Serviço público de primeira qualidade.
Mas que raio deu aos jornalistas portugueses para terem que inventar noticias? Um enterro é um enterro, como mais ou menos gente, com mais ou menos convidados. O que é que justificou esta correria, a deslocação de pessoal e o aluguer de meios? Para dizerem o que? Que ele morreu e foi enterrado? Ah, não sabia... E tinha muita gente. Pois, notícia seria se não tivesse, não é?

E a viagenzinha do nosso Jorginho? Aquilo é que foi. Avião cheio de jornalistas. Muito para contar... perdão, um jantarico e aperto de mão com Ciampi, uns dircuzecos de circunstância e o momento alto «emotivo e emocionado», a entrega de uma saladeira da VA ao Papa. Ah, nada como ter jornalistas dispostos a diariamente remeterem peças imaginosas para contar alguma coisa, para justificarem a viagem. A substância da coisa é que não se viu.
Nota: parabéns ao Público por ter sempre indicado nas suas noticias «o Público viajou no avião fretado pelo PR». Fica mais claro o teor das «notícias» perante os consumidores. E o patrocinador tem direito à sua referência.
Já agora, e porque é que as senhoras esposas dos chefes de Estado e Governo, quando visitam o Papa tem de se vestir de viuvas, com véu e tudo? É protocolo dizem. Tá certo. Esta gente aceita tudo de olhos fechados. Políticos e jornalistas. Eu quero ver se quando o Jorginho for visitar o Rei da Arábia Saudita a esposa veste uma burcasinha .... protocolar, claro.