30.3.05

O ridículo mata

A propósito da venda da LusomundoMedia

«(...) No entanto, a AACS vai ainda ouvir os responsáveis pelas entidades que gerem o futebol em Portugal. O director executivo da Liga Portuguesa de Futebol, Cunha Leal, "será ouvido ainda esta semana". O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl, irá elaborar um parecer sobre o negócio. (...)»

Vejamos: uma empresa anuncia que quer vender uma empresa sua participada. Surgem vários concorrentes. Um deles é seleccionado. Ambas as empresas chegam a acordo.

Segue-se um processo kafkaniano de audições a concorrentes preteridos, como se tal negócio fosse um concurso público. Escutam-se apelos do sindicato para que se realizar uma moratória de dois anos no negócio... Um iluminado qualquer invoca o perigo de concentração! Exacto, a tal que pelos vistos não existia até aqui. O Conselho de Redacção, representativo dos jornalistas profissionais do DN, reclama a mediação da AACS junto do futuro patrão para que o edifício da sede da empresa não seja vendido!
Santa paciência, parece que está tudo louco.

Agora os dirigentes do futebol vão ser chamados a dar um parecer! Um parecer sobre o quê? Da forma como o futuro proprietário dirige um jornal desportivo? Sobre a sua condição de principal financiador dos clubes de futebol que os personagens que irão emitir o parecer tão superiormente dirigem? Se os clubes irão passar dificuldades por causa deste investimento? Sobre o seu carácter? Se paga a tempo e horas?